Foto: Lula e Apolônio de Carvalho, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário – PCBR -, numa reunião do PT, quando da fundação do Partido. Apolônio foi um revolucionário brasileiro também reconhecido como combatente das Brigadas Internacionais, na Guerra Civil Espanhola, e herói da Resistência Francesa, durante a Segunda Guerra Mundial).
Até onde vão os limites da conciliação de classes, proposta no programa do Governo Lula 3 e aplicada na prática neste primeiro ano?
A esquerda brasileira perdeu a perspectiva da revolução social em nome de uma acomodação ao sistema capitalista?
O PT continua sendo o grande partido da esquerda hoje no Brasil? Então, onde está o compromisso com o socialismo? E quais seriam as alternativas de construção do socialismo no século XXI?
Essas perguntas passaram pelo crivo de Dojival Vieira e Ivan Seixas, dois militantes históricos da esquerda brasileira, numa conversa recheada de referências históricas e conceitos políticos no programa 60&Blau AO VIVO!, apresentado pelo jornalista Ricardo Porto, que teve como tema “Esquerda, volver! Os limites da conciliação”.
Dojival Vieira, fundador do PT no final dos anos 70, e editor de Afropress, advogado e militante da defesa dos direitos humanos, personagem fundamental na construção do PT em Cubatão e Baixada Santista, SP, advertiu que é necessário resgatar a perspectiva real de construção do socialismo.
“Só faz sentido existir uma esquerda que proponha fazer a revolução social. A esquerda que se acomoda a um sistema apodrecido, deixa de ser esquerda. A esquerda que está aí é uma social democracia que se candidata a cada dois anos a fazer a gestão do capitalismo.”- alerta Dojival.
Ivan Seixas, que participou dos movimentos de resistência à ditadura militar, da luta armada, foi preso, torturado e anistiado, lembra que a esquerda ainda serve de referência aos pensadores capitalistas quando estes se encontram diante das inúmeras crises do sistema, como ocorreu em 1999.
“Naquela época, os economistas recorreram a Marx para explicar a crise da financeirização do capital. Marx previu esta crise. Mas se esqueceram de citar Lênin. Por quê? Porque Lênin usou a teoria de Marx para tomar o poder e teve sucesso. ”Ivan bota o dedo numa ferida aberta pelo bolsonarismo.
“A esquerda que nós temos no país, nenhuma tem a perspectiva da tomada do poder. Esse período Bolsonaro foi muito difícil para todo mundo e o que aconteceu serviu de base para o que chamam hoje de conciliação. Vamos falar bem claro, essa conciliação é uma rendição.”
Ivan lembra que o conceito de frente ampla, como está sendo usado hoje, se desgasta porque permite que os princípios da revolução social sejam esquecidos.
“Lênin fez frente ampla, Mao Tse Tung fez frente ampla, Ho Chi Minh fez frente ampla para tomada do poder, Fidel Castro – todos eles. Para combater o inimigo comum, sem abrir mão da perspectiva de tomada do poder pela revolução social.” – pontua. “Eles nunca se renderam.”
Você pode assistir ao 60&Blau! AO VIVO, com Dojival Vieira, Ivan Seixas e a mediação do jornalista Ricardo Porto.
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM: https://www.afropress.com/conciliacao-nao-pode-significar-rendicao/