Estar no desafio hoje quer dizer que estamos vivos, mas precisamos enfrentar e assumir uma realidade em profunda transformação. Respostas ligeiras e sem participação ou conteúdos superficiais não resolvem. É necessário assumir que definição de questões e de sua trajetória de enfrentamento é um caminho de construção cuja responsabilidade é do povo que já está no desafio, participando e definindo nas suas possibilidades. Quais são as soluções para respostas à sociedade com compreensão de sua dinâmica toda e especificidades locais. O nosso desafio é participar e junto elevar esta qualidade.
No mundo todo as sociedades vivem uma “Transição de Tempo Histórico”. Não vivemos somente uma crise de continuidade em um capitalismo altamente imperialista que apresenta enormes dificuldades. As mudanças nas relações de trabalho, as relações todas de produção que são desenvolvidas com uma tecnologia muito transformadora, os valores na vida e na cidadania passam por mudanças significativas. São trajetórias de transformações acentuadas, difíceis de entendermos com precisão suas características todas, mas as consequências no seu imediato afetam muito a vida de todos.
Esta imensa qualificação, que necessitamos repensar sempre, nos exige conhecimento e nos faz adquirir forças políticas, o que deve ser alcançado a partir de grandes compromissos de transformação. Mudanças na economia com benefícios sociais, reconstrução da Democracia, reconstrução do Estado, muito respeito à cultura e, inclusive um vínculo amplo e contínuo das relações de cidadania a partir dos valores colocados pela população em seus diversos setores sociais. Uma nova sociedade com valores muito modificados. Mas necessário para enfrentar estas mudanças que vivemos.
É preciso destacar como são os valores de compreensão da vida junto à população neste processo de modificações. Neste sentido os jovens já têm muito a nos ensinar. Os valores na relação entre as pessoas e a sociedade toda estão em alteração, o que não pode ser qualificado de “bom” ou “mal”. Esta maneira de reduzir a grandeza das transformações é retornar à metodologia de conhecimento com a rigidez que não alcança compreender a dinâmica da realidade.
A situação atual exige valores de avaliação muito complexos da vida, não por serem difíceis, mas por ser amplo e dinâmico. Não se trata de respostas de projetos técnicos de crescimento, isto vai sendo resolvido conforme as exigências que se apresentarem de maneira concreta. Um elemento essencial para a compreensão e para a ação é a própria participação. Este desafio decorrente das grandes mudanças em suas evoluções e que deve ser assumida pela população. Não é possível aceitarmos debates formais sem resultados para serem assumidos por outros. Como construir esta relação política inovadora e essencial também é um compromisso a ser construído.
Este caminho político já apresenta questões e definições concretas. Não é preciso nos reduzirmos só a elaborações teóricas, os pontos de ação estão presentes. Todos sabem que as propostas já existem na responsabilidade contra a fome, porque somos contra o orçamento secreto e o caracterizamos como crime, temos propostas de combate à relação de 6x1 no horário de trabalho, queremos impostos ao grande capital, temos políticas concretas de meio ambiente, políticas concretas de questões sociais. As relações internacionais mostram como são importantes no momento atual e, junto aparece a grandeza de nossa política e ação com o nosso Governo Progressista. São elementos iniciais, mas significativos para construir nossa política e caracterizar ação em um caminho para uma Nova Sociedade.
A realização do debate desta dimensão e poder de ação com a população é uma postura de respeito e reconhecimento da capacidade do enfrentamento de nosso povo!
Nas eleições municipais recentes no Brasil as forças de esquerda foram débeis frente a estas definições. A direita se apresentou com atitudes manipuladoras, muito dinheiro e enormes estruturas de comunicação com técnicas rápidas de relacionamento e religiões com “diálogo” que “consolam” as inseguranças e os muitos medos dos dias atuais. As soluções que disseram ter não existem. Usam políticas muito destruidoras do Estado e dos valores da sociedade. Uma opção para debilitar e impossibilitar verdadeiras alternativas. Tratasse de uma profunda manipulação das dificuldades materiais e dos sentimentos sobre o que ocorre na sociedade. Um caminho sórdido e sem alternativas.
Quem considerar que vamos “concorrer” com este tipo de caminhos apresenta respostas equivocadas. A população precisa construir um rumo de evolução com respostas muito concretas para as exigências difíceis na realidade Evoluir para uma estratégia progressista. Queremos uma política ampla para o diálogo, com qualidades e método inovador, inclusive aproveitando as que já foram utilizadas quando fomos vencedores em outros momentos. É uma opção desde o início que define uma alternativa de confiança.
Os resultados nas eleições municipais foram bem inferiores do que desejávamos. Mesmo assim podemos afirmar que nós, a esquerda no Brasil, mostrou que representamos uma grande força. Nós nos apresentamos com vários aspectos deficientes, mas nossa votação demonstra que nosso potencial é muito grande.
Nosso maior mérito é que temos compromissos com a população e respeitamos a história que nos fortalece. Com um acúmulo técnico e político são criadas respostas. A direita não tem esta qualidade. Uma opção conservadora hoje é difícil, algumas pessoas ousam dizer que é impossível. O forte enfraquecimento do imperialismo não tem permitido “alternativas” com características de exploração e crescimento como era feito até um passado, já não muito recente. Faz muitos anos que o capitalismo não investe mais e o seu grande capital “trabalha” com manipulações, guerras, destruições e apresentam lastimáveis marionetes de “contra palhaços”. Diferente dos verdadeiros palhaços que na arte são maravilhosos.
Temos dificuldades recentes com a estrutura de organização dos trabalhadores. Antes os sindicatos, por exemplo, eram mais fortes e definidos. As lutas usavam soluções como as greves, que também hoje são mais difíceis. Mas as lutas deverão ensinar como responder para instrumentalizar a população em sua organização e lutas.
Frente a este quadro todo precisamos discutir na sociedade. Não se trata somente nos reduzirmos a respostas imediatas, embora necessárias, o que seria sem sentido. O objetivo é dizermos que temos consciência desta realidade e sua complexidade. É necessário desenvolver um grande processo de construção de soluções. Queremos atuar com orientação favorável à população e à sociedade em toda esta trajetória. Os tempos serão diversos e as questões também. As respostas serão contínuas e de muita solidariedade dentro deste caminho maior.
É fundamental registrarmos aqui que a participação popular neste sentido permite o conhecimento concreto e não só acadêmico da realidade. Da mesma forma adquire força política para sua ação. Assim é necessário no ensino, na creche, atendimento de saúde, transporte, segurança e muitos outros desde a vida dinâmica de cada bairro. As disputas maiores e nacionais devem ser assumidas. Nós queremos uma responsabilidade construída com a importante participação popular e com objetivos progressistas.
Uma omissão neste sentido abre amplos espaços para a política destruidora e desqualificadora da direita. A sua ação sórdida de “boazinha” que dizia “estamos de seu lado”.
Nós podemos afirmar com segurança qual é a profundidade que vivemos. Da mesma forma podemos dizer que temos compromissos históricos com o povo. Da mesma forma devemos afirmar que estamos juntos, somos solidários. Mas exige também desafiarmos o povo para assumir esta trajetória e construir. Este é nosso compromisso ideológico e político para todos.
Uma trajetória como esta não se resolve somente com administração da prefeitura e todo o Estado. As questões são políticas e quem tiver respostas e força será vencedor. Precisamos adquirir forças para a construção de caminhos e respostas. As soluções serão realizadas o futuro dirá!
Assim vamos construir um grande caminho para a grande sociedade que o Brasil merece e tem muita capacidade de construir!
*Jaime Rodrigues é Urbanista e Historiador