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Foto do escritorAlexandre Costa

"LA CUCA": A CRUEL TORTURADORA DA DITADURA MILITAR ARGENTINA QUE FOI CONDENADA À PRISÃO PERPÉTUA

Mirta Graciela Antón foi a única mulher na América Latina condenada à prisão perpétua por crimes contra a humanidade. Há dez anos, "La Cuca" cumpre pena na cadeia de Bouwer, em Córdoba, por 12 homicídios, 16 privações ilegais de liberdade, 21 casos de tortura, cinco desaparecimentos e seis abusos. Mirta está com 66 anos e entrou na polícia quando tinha 21. Ela foi denunciada durante uma força-tarefa que investigou os crimes ocorridos dentro Departamento de Informações da Polícia de Córdoba, conhecido como D2, nas décadas de 70 e 80.

A instituição foi um dos maiores centros de detenção e tortura da ditadura militar argentina. A província de Córdoba, a segunda maior da Argentina, sofreu com uma feroz perseguição a opositores do governo mesmo antes do golpe militar de 24 de março de 1976, que iniciou um dos mais sangrentos regimes da América Latina. As autoridades ouviram 900 testemunhas e identificaram 716 vítimas. Dos 43 acusados, 38 foram declarados culpados. Desses, 28 foram condenados à prisão perpétua. Entre 1976 e 1983, período da ditadura militar argentina, ao menos 30 mil pessoas desapareceram. Mas há quem diga que há pelo menos mais 9 mil casos não contabilizados de pessoas que sumiram durante o regime.

Vítimas e testemunhas que passaram pelos calabouços do departamento de polícia de Córdoba disseram que Antón dava risadas e dançava enquanto torturava os presos políticos. Também relataram que ela matou pessoas "a sangue frio". "Cuca não era uma pessoa imoral, ela era amoral", disse Charlie Moore, uma das vítimas que esteve presa no local. "Ela não tinha nenhum tipo de sentimento. Podia despedaçar uma pessoa sem dar qualquer sinal de sentir alguma coisa. Aquilo (a tortura) a motivava", escreveu Moore em seu livro La Búsqueda (A busca, em tradução livre)."Se você quisesse uma pessoa para conversar com um sujeito e depois matá-lo, Cuca Antón era a pessoa indicada", escreveu o ativista.


"Ela esticou as mãos como garras, pegou meus mamilos e apertou. Apertava e torcia; torcia e apertava", lembra uma das vítimas de Mirta Graciela Antón. "Ela me pisava nos testículos com os saltos. Era uma louca, também pisava nos que estavam ao meu lado. Eu escutava o barulho e pensava: 'Estamos ferrados, lá vem a mulher dos saltos agulha'", recorda outra vítima, em depoimento colhido entre 2012 e 2016 pela Justiça da província argentina de Córdoba.

A DITADURA NA ARGENTINA

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