PROFESSORAS, POR PAULO GAIGER*
- Alexandre Costa
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

Há poucos dias, uma professora de uma escola de Caxias do Sul foi agredida violentamente por um trio de adolescentes que queria acabar com a sua existência. Raiva da professora que cobrou trabalhos ou chamou a atenção ou solicitou que os adolescentes estudassem. Nem minha mãe me chama a atenção, que cara de pau a desta professorinha de merda. À fogueira ou às estocadas ou, se estiver à mão, um revólver para colocá-la em seu lugar. O fato chocou a comunidade gaúcha, mas ele não está isolado de uma realidade nacional construída a passos largos e firmes, como um batalhão orientado a invadir uma aldeia e estuprar mulheres e crianças com garantia da impunidade, como sabemos na história. Professoras vêm sofrendo todos os tipos de agressões por parte de estudantes e de pais e mães dos rebentos mega protegidos em todo o país. Desde que os movimentos fascistas emergiram, pouco a pouco, em todo o território nacional, capitaneados pelo MBL, pelo bolsonarismo e seus diversos partidos políticos e por algumas igrejas e duplas sertanejas, as campanhas contra a escola e a docência, especialmente exercida por mulheres, foram as bandeiras mais infames do fascismo verde-amarelo de homens que se autonomeiam patriotas e do bem. A escola, para estes imbecis, é lugar de desvios, de formação de comunistas, de homossexuais, de drogadição, de discussão de direitos humanos, de feminismos. É preciso colocar militares à frente do ensino de nossos rebentos, os mesmos do batalhão. Que mais dá? Pode até pintar um clima. Outros agrupamentos de gente ruim, levantou a bandeira de que os pais são melhores professores do que as professoras e, por isso, suas crianças não precisam ir à escola. Melhor é aprender em casa. Omitem que perto de 70% da violência contra crianças, leia-se: meninas, ocorre dentro da casa, no espaço da família que se diz cristã. Estes pais, leia-se: macho, heterossexual, branco, vaidoso e ignorante, devem ter umbigos gigantescos que os impedem de ver a estultice da desideia (neologismo meu). Correndo parelho, as mentiras espalhadas como marketing desta empreitada da estupidez: mamadeira de piroca, por exemplo. Alguém, entre os homens patriotas e de bem, respondeu por esta calúnia ou apostou na garantia da impunidade? Liberdade de expressão, né. Poder mentir adoidado, né, sem precisar responder por nada disso e daquilo. Os adolescentes, filhos de pais ignorantes, sem compaixão e empatia, inalam escrotidão todos os dias, seja através de algumas redes sociais, mas sobretudo em casa, pela ausência e autoritarismo de seus genitores. Mimar não é amar, deixar a esmo não é liberdade, surrar não é educar, ditadura é não pensar. No horizonte estreitado dos três adolescentes, só se desenhou a ação vil e covarde que vinham aprendendo todos os santos dias. Professoras também podem ser mães, e é doloroso para suas filhas verem a mãe ser agredida ou assassinada por ser professora. Os fascistas até pedem redução da maioridade penal, mas não pedem desculpas pelas mentiras que alimentam todos os santos dias sobre a escola e a docência. Eles são os verdadeiros criminosos.
